A expulsão dos vendilhões do Templo de Jerusalém é o ponto de partida para uma narrativa original, que se desdobra em três épocas – 33 d.C., 1635 e 1997. Na primeira parte, ambientada na Jerusalém da época de Cristo, o episódio bíblico é visto pela óptica de um dos vendilhões, camponês arruinado que chegou à cidade em busca de melhores dias e descobriu no comércio do Templo o trampolim para projetos mirabolantes. A trajetória de Cristo é vista indiretamente pelo olhar desse seu obscuro contemporâneo, e a vida cotidiana na Terra Santa é descrita com humor e vivacidade. Na segunda parte da obra, a narrativa dá um salto no tempo e no espaço. Em 1635, Nicolau, um jovem padre, chega a uma pequena missão jesuítica do sul do Brasil e se vê envolvido numa situação angustiante; com a morte súbita do sacerdote que dirigia a missão, torna-se responsável por uma comunidade indígena cujo idioma não fala. Um forasteiro se oferece como intérprete, mas em pouco tempo seu caráter suspeito se manifesta. A terceira parte do livro se passa em 1997, na cidade surgida a partir da aldeia jesuítica. A esquerda comemora a conquista da prefeitura. Um assessor de imprensa testemunha essas mudanças ao mesmo tempo em que, com ex-colegas de colégio, relembra a peça teatral encenada pelo grupo na infância, tendo como tema o episódio da expulsão dos vendilhões do Templo. As três histórias se entrelaçam e se iluminam, desdobrando de maneira inesperada o núcleo temático do episódio bíblico, com diversas possibilidades cômicas e dramáticas, e focalizando suas implicações morais.