O narrador quer resgatar a verdadeira história de Antônio de Egmont, o Príncipe Romântico, valendo-se para isso da Chronicle Scandaleuse deixada por André de La Marche, mordomo do falecido duque. Antônio de Egmont viera do mundo quando a época da Cavalaria entrava no ocaso. ele era um gentleman culto, sensível e anacromicamente cavalheiresco em seu meio borgonhês. O conde Antônio parecia ter provindo da luz. Personalidade radiante e jovial, com cabelos dourados a lhe caírem sobre as espáduas graciosamente proporcionadas. A serenidade estampava-se em seu semblante belo; homem mais sonhador que de ação, imbuído de uma energia que era antes espiritual que física. Essas características ficavam ainda mais ressaltadas em comparação com a personalidade de Carlos da Borgonha, seu primo, amigo e irmão de armas, que se notabilizara pela maneiras rudes e pelo espírito pragmático. Eram eles cognominados Damon e Fídias, por causa da amizade que os unia, ou Ormuz e Ahriman, deus da luz e das trevas, por causa da diferença de caráter. Antônio de Egmont desilude-se da vida na Corte da Borgonha e, envolto numa capa negra, sai pelo mundo afora. Em suas andanças como anônimo cavaleiro, o conde Antônio salva da forca o burguês Filipe Danvelt (que ofendera Sua Alteza o duque Carlos, primo do príncipe), que passa a acompanhá-lo, até chegarem ambos a Flusging, na Zelândia. Aí será o cenário de suas aventuras e desventuras, quando a narrativa prossegue, apoiada na crônica da La Marche, acompanhado a trajetória do romântico príncipe da Guelders, que arremessou ao longe suas honras e seu cargo para conquistar as realidades.