Em “Muitas Vozes” (1999), Ferreira Gullar reúne a produção dos últimos doze anos e demonstra que recorta as cenas do cotidiano com reflexões agudas, traçando imagens ao mesmo tempo delicadas e provocadoras. Segundo o próprio autor, a fúria presente em todos os seus livros anteriores, neste está amainada. É um livro mais reflexivo, em que a temática da morte está muito presente, não como medo mas como reflexão. Ouve-se o eco de toda experiência do poeta acumulada ao longo de quase sete décadas. Foi preciso muita coisa passar: o exílio, depois a morte rondar perto, familiar e sem ênfase; os mortos restarem no abandono do chão impenetrável; o silêncio crescer dos ausentes ao cosmos.