Dedicado pelo autor “às almas livres, de todas as nações, que sofrem, lutam e hão de vencer”, Jean-Christophe é um romance que transcende ao tempo e aos lugares em que a ação se passa, para assumir um caráter universal, simbolizando a luta, nem sempre feliz, da inteligência e do gênio contra a mediocridade e a corrupção dominantes na sociedade moderna. Mas nem por isso a obra se reveste de tons obscuros ou proféticos: a trama se desenvolve límpida e contínua, com toques da mais pura poesia e de intensa penetração psicológica, deixando à inteligência e à sensibilidade do leitor a tarefa de interpretar os fatos, narrados com a maior simplicidade, a que não falta um certo aflato divino. “Escrevi a tragédia de uma geração que vai desaparecer”, disse Romain Rolland em seu livro. Mas não é apenas isso: é também a tragédia das gerações presentes e futuras, no duro combate contra a tirania das ideias e preconceitos dominantes