‘Brasil, um país do futuro’ é um grande retrato do país sob a ótica de um estrangeiro que passou seus últimos anos de vida no Rio de Janeiro. Stefan Zweig e sua segunda mulher, Lotte, escolheram o Brasil como refúgio às atrocidades que eram cometidas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, neste período, Zweig não abandonou a escrita. Pelo contrário, foi na casa de Petrópolis que finalizou sua autobiografia (O mundo que eu vi) e escreveu este que, de acordo com Alberto Dines, ‘é o mais famoso de todos os textos que se escreveram sobre o Brasil’. Resultado de uma extensa pesquisa aliada ao olhar crítico de Zweig, Brasil, um país do futuro é uma obra que surpreende os leitores contemporâneos pela riqueza dos temas abordados. De fato, algumas das previsões feitas por Zweig não se concretizaram, mas o livro não se trata apenas disso. Zweig pensa no futuro analisando o que vê e o que sente do contato com o povo brasileiro. No capítulo ‘Olhar sobre São Paulo’, por exemplo, reflete que ‘para representar a cidade de São Paulo seria preciso ser um pintor. Para descrever São Paulo, um estatístico ou um economista (…), pois não é o passado ou o presente que tornam São Paulo uma cidade tão fascinante, e sim o seu crescimento e o seu porvir, a rapidez de sua transformação, vistos em câmera lenta.’ Zweig conduz o leitor a passeios pela Bahia, pelo Recife, pelos morros do Rio de Janeiro, observa hábitos da cultura brasileira que se destacam aos olhos estrangeiros, como o simples fato de sempre haver um café fresco para receber um visitante. Além desses dados pitorescos, o autor se aprofunda em uma análise sobre a história e a economia brasileiras, fazendo com que este livro seja, ao mesmo tempo, um documento histórico, uma crônica, um registro de impressões escrito pelas mãos de um célebre autor europeu que se impressionou e se emocionou com o que viu.