Casada aos catorze anos com o herdeiro da Coroa francesa, o futuro Luís XVI, Maria Antonieta mostrou-se desde o início inconsequente e despreparada para desempenhar o papel que haviam determinado para ela. O povo logo lhe atribuiu a culpa por tudo que há séculos vinha padecendo sob a monarquia – e aos poucos essa jovem rainha viu-se envolvida pelos acontecimentos sombrios da Revolução Francesa. Condenada à morte, revelou-se então a verdadeira descendente da poderosa família imperial dos Habsburgo: uma soberana digna e resignada, que caminha serena para a guilhotina.Amigo de Freud e com um forte envolvimento com a psicanálise, Zweig foi um dos primeiros escritores a trabalhar consistentemente com um enfoque psicanalítico em suas biografias. Não se preocupou, portanto, em narrar todos os fatos da vida de Maria Antonieta, nem cada meandro dos desacertos revolucionários. Mas aos poucos dispôs as peças de um quebra-cabeça dramático para revelar o potencial trágico de uma personagem despreparada para o destino a ela reservado.