Esta obra já tem alguns anos, mas quanto mais tempo passa desde a sua publicação, mais ela se afirma como intemporal. “Os Pilares da Terra”, de Ken Follett, são sem qualquer dúvida a sua obra-prima, e um dos melhores romances históricos sobre a idade média.
O grande ponto forte desta extensa história é a forma quase perfeita como recria os ambientes medievais: uma era imunda e cruel, onde a violência sem escrúpulos de muitos se depara com a bondade de poucos; onde a luxúria e a ostentação do clero superior e da nobreza esmagam a simplicidade do povo pobre e faminto. É garantido que o leitor não só se verá transportado para o séc. XII, como também se deixará impressionar por todas estas características.
O enredo gira em torno da construção de uma catedral no priorado (fictício) de Kingsbridge, durante a guerra civil motivada pela sucessão de Henrique I de Inglaterra. A acção centra-se em quatro personagens-chave: Tom ‘Pedreiro’, que procura não só um meio de sobrevivência para si e para a sua família, mas também realizar o sonho de construir uma grande catedral; o Prior Phillip, um jovem e talentoso clérigo que tem que conciliar a sua dedicação à Igreja e à Fé com manobras políticas, sabotagens e traições; Lord William Hamleigh, um nobre que incorpora as características mais detestáveis num ser humano – e que eram tão comuns na nobreza; e Aliena, uma jovem donzela de sangue nobre que aprende da pior forma o que é ter que se esforçar por sobreviver, quando o nome da sua família – até então o seu sustento – cai em desgraça.